domingo, 15 de abril de 2012

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Pólo Equestre

Esporte de nobre montaria

Pólo Equestre
O grupo de cavaleiros atravessa ligeiro o gramado verde. Cavalgam quase todos muito próximos o que exige atenção e pericia, perseguindo uma pequena bola branca de oito cm, que tentam acertar com longos tacos grandes com um pequeno martelo na ponta, sempre seguros pela mão direita. Este é o jogo de pólo equestre, um esporte dinâmico, que exige concentração, habilidade e entrosamento completo entre montaria e cavaleiro. Tem poucos praticantes, mas é dinâmico e tem uma aura de sofisticação que poucos esportes possuem.
Regras
Nas regras gerais, o pólo equestre é muito semelhante aos esportes de quadra. É disputado por duas equipes de quatro jogadores, com dois atacantes e dois defensores, tentando marcar gols uma sobre a outra, com a partida dividida em seis tempos, denominados chukkas, cada um com sete minutos, mais um de desempate se for necessário.
Mas as diferenças também são marcantes. A primeira é até inusitada, as equipes devem trocar de campo a cada gol marcado, para que não tenham a vantagem do terreno sobre o adversário. A outra está bem a vista, é o cavalo. Sendo um esporte eqüestre as regras são feitas para o bom aproveitamento de seu desempenho.
Para que o animal não sofra um grande desgaste, o cavaleiro deve substituir a montaria a cada chukka, só utilizando o mesmo cavalo uma vez mais. Em média são seis cavalos para cada jogador.
A segurança de cavalos e cavaleiros também é um traço importante; as regras são rígidas sobre o controle dos tacos, para minimizar acidentes; as trajetórias dos cavaleiros também são observadas com atenção e na ausência de condições físicas da dupla, os juízes podem pedir uma substituição. Para acompanhar os lances rápidos, existem dois juízes montados, um dentro do campo e outro na zona de segurança, estes são auxiliados por um cronometrista, mais um apontador de gols ou dois bandeirinhas, que se posicionam próximos aos gols.
O campo, coberto de grama (também se joga na neve em alguns países), tem dimensões generosas, adequadas aos animais, com 275m a 230m comprimento por 146m a 130m de largura variando se é aberto ou fechado. Possui uma área de jogo de 180m a 160 m, por 146 a 130m ambas com 10 de área livre nas laterais e 30 m de fundo, a chamada “Zona de segurança”. O gol tem uma largura de 7,3 metros.
Pólo Equestre
Outro ponto interessante é o handicap, um tipo de ranking que acompanha o desempenho geral do jogador, mas que só é realizado ao final de cada temporada. Os jogadores são avaliados e classificados por handicaps em uma escala de -1 a 10, sendo -1 para os iniciantes e 10 apenas para jogadores excepcionais. Para se ter uma idéia do nível desses jogadores, atletas com handicap igual ou superior a 2 já são considerados profissionais. O handicap dá prestigio ao jogador, mas mais do que isso serve, por exemplo, para nivelar jogos entre equipes desiguais, onde é somado todos os pontos dos jogadores de cada equipe e a diferença entre as duas pode ser convertida em posse de bola ou pontuação para a equipe mais fraca. O handicap pode aumentar ou diminuir, conforme o desempenho ou a ausência de um atleta das competições, mas nunca volta ao zero.
Um dos esportes de montaria mais antigos da história
As origens não estão bem definidas, mas o pólo equestre nasceu na Ásia. A versão mais aceita é que ele surgiu por volta de 600 a.c, no Tibete, onde para proteger as colheitas dos ratos almiscarados, caçadores montados perseguiam estes animais com longos bastões que, quando não eram utilizados na caça se prestavam ao “pulu”, um jogo onde os ratos eram substituídos por bolas rudimentares. Essa forma de Pólo se expandiu pela Ásia, para a China a Índia e Pérsia, de onde chegou a se difundir para a Grécia e o Egito.
Depois o esporte desapareceu do ocidente, enquanto no Oriente permaneceu popular entre as elites, disputado pela alta nobreza como Sultões, Califas e Imperadores. Na Índia pelo contrário, o pulu era popular, apesar do sistema de castas, todos podiam ao menos assistir, muitas aldeias tinham seus próprios campos, e o esporte logo chamou a atenção dos militares e colonos ingleses. Em 1859, o Capitão Robert Stewart criou o primeiro clube de pólo inglês, O Retreat at Silchar, e os ingleses levaram o jogo por onde passaram. Em um desses lugares, a Argentina, o esporte caiu no gosto do país, e o clima e o terreno propício a criação de cavalos fizeram dos portenhos os melhores jogadores do mundo, tradição mantida até hoje. Também desenvolveram raças próprias para o esporte como o petizo de pólo, as vezes cruzada com Puro Sangue Inglês.
O pólo chegou a fazer parte das Olimpíadas, entre as edições de 1900 e 1936, mas saiu do Programa Olímpico, devido aos custos do transporte e cuidados necessários à utilização de muitos animais. Nesse período a Argentina foi a grande vencedora, com 2 medalhas de ouro em 1934 e 1936.
Atualmente o esporte está presente em mais de 50 países, como os, Chile, Brasil, EUA, Inglaterra e México. O esporte esta sob a jurisdição da Federação Internacional de Pólo (FIP). Mas por conta do grande número de animais utilizados, o esporte é tal qual na antiguidade, praticado pelas elites, como líderes políticos, príncipes e magnatas. O príncipe Charles, da Inglaterra, e seu filho Harry são praticantes.
No Brasil o esporte também é associado as grandes fortunas, com nomes como Ricardo ”Ricardinho” Mansur, André e Fábio Diniz, José Eduardo Matarazzo Kalil, entre os principais polistas brasileiros.

    O jogo mais caro do mundo

Há apenas 500 jogadores de pólo no Brasil. São todos milionários
O jogo de pólo certamente não consta das modalidades que dependem de verbas do Ministério do Esporte e Turismo. Felizmente para seus praticantes. Caso contrário, eles assustariam funcionários petistas do governo com sua relação de despesas rotineiras com cavalos, campos, gramados, tratadores de animais, veículos especializados em carregar montarias e até uniformes e botas.
Estima-se que existam apenas 500 jogadores de pólo no Brasil – e a verdade é que eles, em geral grandes milionários, não precisam de ajuda para praticar seu esporte favorito. Esse é um dos ramos esportivos menos conhecidos no país, mas os praticantes estão entre os mais festejados atletas mundiais da modalidade. O Brasil detém dois títulos mundiais, conquistados em 1995 e 2001, e disputa com argentinos e britânicos a primazia internacional.
Entre os especialistas, os brasileiros são tão respeitados quanto Ronaldinho no futebol e Gustavo Kuerten no tênis. Há outro aspecto que torna o jogo ainda mais surpreendente. Esporte preferido da realeza britânica, o pólo é mais exclusivo que qualquer outra atividade esportiva. É por isso que, no Brasil e no mundo, quase todos os jogadores carregam sobrenomes conhecidos na alta sociedade.
                           Pólo Equestre
Jogo de pólo no Helvetia Club, em São Paulo, e tratador com cavalos da raça puro-sangue: os melhores animais chegam a custar 50 000 reais.
                                       Pólo Equestre
Os campos mais badalados do Brasil ficam no Helvetia Polo Club, em Indaiatuba, no interior de São Paulo, a cerca de uma hora da capital paulista. Fundado nos anos 70, na região onde ficam alguns dos mais luxuosos condomínios do Brasil, o entorno do Helvetia é uma das áreas que concentram o maior número de campos de pólo do mundo.
São 33 no total, 27 deles em fazendas particulares. Cada um tem 275 metros de comprimento por 140 metros de largura, o equivalente ao tamanho de quatro campos de futebol. Quase todos os membros da confraria do pólo são donos de mansões nos arredores do Helvetia. Algumas casas têm dez suítes e são avaliadas em até 15 milhões de reais. Além de campo de pólo, a maioria das residências possui campo de golfe, outro esporte praticado pelo seleto grupo.
O Helvetia realiza anualmente três grandes torneios patrocinados por grifes luxuosas, como Tiffany e Porsche. Nessas ocasiões, os convites pedem que as mulheres usem chapéu, repetindo a tradição inglesa. Os homens chegam para a festa dirigindo carrões de luxo. Desfiles com lindas modelos e o som ao vivo de violinos e violoncelos animam o evento.
É um luxo só. "Essa tradição se deve principalmente à família real inglesa, a principal promotora do esporte no mundo", afirma Claudemir Siquini, presidente do Helvetia Club. O pólo está tão presente na vida da corte inglesa que já houve até um escândalo sexual envolvendo o jogo. Quando ainda era casada com o príncipe Charles, os jornais divulgaram um suposto romance entre a princesa Diana e um polista chamado James Hewitt. Entre os ingleses históricos que praticavam pólo, o mais conhecido foi o ex-primeiro-ministro Winston Churchill.
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Rico Mansur, o melhor amador do mundo: reconhecimento social e prêmio recebido das mãos da rainha Elizabeth II.
Nas partidas realizadas no Brasil, os presentes são na maioria pessoas de referência na área empresarial, como os Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, e os Mansur, do ramo de laticínios. Em campo, estão quase sempre os herdeiros desses grupos. É o caso de Fábio Diniz, filho de Arnaldo Diniz, um dos irmãos do controlador do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz. Fábio começou a jogar aos 11 anos, incentivado pelo pai. Hoje, aos 26 anos, é considerado o melhor profissional do Brasil. Outro jogador de categoria internacional é Ricardo Mansur Filho, conhecido na comunidade pelo apelido de Rico.
Ele é filho do ex-dono do Mappin e da Mesbla, cuja família controla a indústria de laticínios Vigor. Rico é o amador com o mais alto handcap do mundo, medida baseada na média de gols que o jogador faz por partida. Está nessa categoria porque ainda paga para competir, mas tem qualidades de profissional. Rico foi o primeiro brasileiro da história a vencer um dos quatro torneios abertos da Argentina. É tão admirado no meio que, recentemente, apareceu ao lado da namorada, Isabela Fiorentino, na capa da revista Pólo, especializada no assunto. Rico tem também no currículo um prêmio recebido diretamente das mãos de sua majestade a rainha Elizabeth II, da Inglaterra.
Além da qualidade do jogador, o desempenho dos cavalos também faz a diferença. Os especialistas dizem que os melhores animais podem responder por até 70% da performance da equipe. Como o pólo exige muita força e explosão, os cavalos utilizados são da raça puro-sangue inglês, uma das mais velozes do mundo. Um puro-sangue inglês competitivo custa em média 10.000 reais. Como cada um dos oito jogadores em campo costuma ter sete cavalos para participar de uma única partida (a cada sete minutos de jogo o cavalo se cansa e deve ser substituído), só em cavalos um jogo que dura menos de uma hora pode mobilizar um patrimônio superior a meio milhão de reais. Os melhores puros-sangues, no entanto, aqueles que disputam torneios internacionais, podem valer até 50.000 reais. Além disso, as principais equipes têm o próprio caminhão que leva os animais de uma fazenda a outra. Isso sem falar nos funcionários. Uma tropa de dez cavalos exige pelo menos um veterinário e cinco tratadores, que cuidam de limpar as baias diariamente, levar os cavalos para passear, repor ração e feno, fazer a tosa e preparar as selas.
Por ser um jogo que exige muita velocidade dos animais, o pólo pode ser considerado um esporte violento. O jogador precisa equilibrar-se em cima de um animal que corre a mais de 50 quilômetros por hora. Tombos, portanto, são inevitáveis. Todos que jogam conhecem alguém que já quebrou um braço, uma clavícula ou uma perna. Existe também o risco de o jogador levar uma bolada no corpo ou na cabeça, o que pode provocar desmaios. Há alguns anos, o argentino Horacito Heguy, um dos melhores polistas do mundo, tomou uma bolada no olho direito que o deixou cego. Atualmente, ele joga com uma prótese de vidro. No Brasil, um dos acidentes mais conhecidos envolveu os irmãos Abilio e Alcides Diniz. No começo dos anos 80, durante um jogo em família, Abilio levou no rosto uma tacada desferida involuntariamente por seu irmão Alcides. Abilio quebrou a mandíbula e teve de fazer uma cirurgia plástica. Hoje ele não joga mais. Mas continua a apreciar o esporte.

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